O que é o 9 de Julho ?
28/06/2006 - 12h42
Soldados de Mato Grosso participaram da maior guerra civil do país
Edmon Garcia
A Revolução Constitucionalista de 1932 é considerada a maior guerra civil brasileira. Durante três meses, pelo menos sete pessoas morriam, diariamente, nos combates entre constitucionalistas de São Paulo e as tropas legalistas, que apoiavam o Governo Provisório de Getúlio Vargas.
O número é baseado em dados oficiais, que apontam pelo menos 634 mortes no Estado durante a revolução --entre 9 de julho e 2 de outubro. Porém, alguns historiadores estimam que mais de 1.000 pessoas tenham morrido nos combates, sem incluir as baixas nas tropas legalistas.
O Vale do Paraíba teve papel importante no confronto. Para a região vieram soldados de vários pontos do Estado, que instalaram aqui a Frente Norte do Movimento.
O objetivo era aguardar o apoio de soldados de Mato Grosso e Rio Grande do Sul e avançar até o Palácio do Catete, sede do governo federal, no Rio de Janeiro. O apoio, no entanto, nunca chegou, e, após passar por violentos combates, as tropas acabaram se entregando em Cruzeiro.
Várias cidades da região foram alvo de bombardeios aéreos realizados pelas forças federalistas, entre elas, Silveiras, Areias, Cachoeira Paulista, São José do Barreiro, Lorena, Guaratinguetá, Aparecida, Cruzeiro e Cunha.
Milhares de moradores da região abandonaram suas casas e só retornaram após o fim do conflito, em 2 de outubro.
Chegou ontem ao Vale do Paraíba, o grupo de 30 pessoas que está homenageando a Revolução Constitucionalista de 32 com uma caminhada de 825 quilômetros pelo Estado.
O grupo, que iniciou o percurso no último dia 29, em Santa Fé do Sul (SP), deve concluí-lo em Cruzeiro no próximo dia 9, quando é comemorada a data. É a primeira vez que a jornada é realizada.
O grupo de 'andarilhos', que chegou ontem em Igaratá, é formado principalmente por aposentados, a maioria de cidades da região. Já foram percorridos mais de 40 municípios.
O organizador da caminhada, Roberto Gonçalves, 60 anos, que é cientista político, disse que a idéia de realizar o evento surgiu em São José dos Campos.
"Eu estava com uns amigos na padaria 9 de Julho e surgiu o assunto sobre a revolução. Perguntamos para um jovem que estava com a gente se ele sabia o que significava 9 de julho e ele e seus amigos não souberam responder. Daí veio a idéia da caminhada para divulgar este fato importante da história paulista", disse.
Além de joseenses, a caminhada reúne moradores de Caçapava, Taubaté, Aparecida, São José do Rio Preto, São Paulo e Aparecida do Oeste, entre outras cidades.
O grupo deve chegar hoje em Jacareí e fazer paradas por outras oito cidades da região até chegar em Cruzeiro. Os pontos de partida e chegada, além do próprio trajeto, não foram escolhidos por acaso.
TRAJETO - Segundo Gonçalves, a jornada começou em Santa Fé do Sul, na divisa com Mato Grosso do Sul, para homenagear aquele Estado, único a lutar ao lado de São Paulo contra as tropas do governo Getúlio Vargas.
Já Cruzeiro será o ponto final, por ter sido o local onde ocorreu a rendição dos paulistas no confronto.
"Nós queríamos cortar o Estado no meio, ligando estes dois pontos. E estamos conseguindo, com muita alegria e sendo muito bem recebido por onde passamos", disse o organizador.
EMOÇÃO - A aposentada Tercília Marcondes de Toledo, 72 anos, disse que está 'aproveitando muito' a viagem, que seria um dos melhores acontecimentos de sua vida.
"Comecei a caminhar com um grupo de andarilhos (de Caçapava) e já percorri mais de 13 mil Km. Essa caminhada é o máximo para a gente porque participamos de um evento importante", disse.
Segundo Walter Turci, 57 anos, um dos caçulas do grupo, a caminhada conta com a receptividade das pessoas. Em Fernando Prestes, por exemplo, o grupo foi recepcionado por estudantes.
"As crianças saíram da cidade com a gente, cantando o hino (nacional). Foi muito emocionante", disse.
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