Nos EUA, operadoras testam mini-torres de transmissão
Roger O. Crockett, BusinessWeek, de Chicago
03/11/2008
Fonte: Valoronline
Como soa essa oferta? Sua operadora de telefonia móvel - digamos, a AT&T ou a Sprint Nextel - propõe instalar uma nova torre de telefonia celular na sua vizinhança sem pagar nada. Em troca, você terá um sinal melhor em sua casa. Ah, e você vai ajudar a pagar os custos de instalação da nova torre.
É basicamente isso que os consumidores começarão a ver nos próximos meses nos Estados Unidos. As companhias de telefonia celular começaram a comercializar "femtocells", que são basicamente mini-torres de transmissão para telefones celulares nas residências. As operadoras vão pedir aos consumidores que paguem cerca de US$ 100 por um equipamento ligeiramente menor que uma torradeira. A pequenina torre vai se conectar com até cinco celulares dentro de casa e realizar chamadas por meio de uma conexão de banda larga de internet à rede telefônica. Os assinantes provavelmente também pagarão tarifas mensais pelo "serviço melhorado". Tudo isso para aperfeiçoar o serviço de telefonia celular pelo qual os consumidores já pagam.
O surpreendente é que essa abordagem de vendas poderá de fato funcionar. Cerca de metade dos usuários de celulares dos EUA está insatisfeita com a cobertura em suas residências, afirmam analistas, e as femtocells poderão fornecer um serviço melhor. A Sprint, a única operadora de telefonia sem fio que no momento está oferecendo a tecnologia nos EUA, diz que a reação dos clientes tem sido entusiasmada. "Assim que damos uma caixa aos clientes, não conseguimos mais arrancá-la de suas mãos", diz Kevin D. Packingham, vice-presidente sênior de desenvolvimento de produtos e tecnologia da companhia. Analistas acreditam que as vendas vão decolar na medida em que gigantes como a AT&T e Verizon começaram a oferecer as femtocells para seus clientes no ano que vem.
É fácil entender porque as operadoras de telefonia sem fio gostam das femtocells. A tecnologia permite a elas transferir parte do fardo do aumento da capacidade operacional de telefonia sem fio para seus clientes. As operadoras pagam elas mesmas pelas torres tradicionais de telefonia celular. Além disso, é comum a oposição das comunidades à construção de novas torres, o que pode atrasar a construção por anos. As operadoras pagam pela caixa femtocell, que custa hoje cerca de US$ 200, mas elas recuperam esse custo revendendo a caixa para os consumidor por cerca de US$ 100 e recolhendo tarifas pelo serviço prestado pela femtocell. "Há um segredinho sujo aí", diz Tammy Parker, principal analista da consultoria Informa. "As femtocells proporcionam mais benefícios às operadoras que ao consumidor final."
As operadoras estão se esforçando para que essa tecnologia faça sentido também para os consumidores. A oferta mais convincente das operadoras poderá ser tornar o serviço barato o suficiente e confiável o suficiente, a ponto de ele substituir as tradicionais linhas fixas. A parte barata é fácil. Um serviço básico de telefonia custa cerca de US$ 50 nos EUA, mas as operadoras de telefonia sem fio poderiam oferecer seus serviços por bem menos. O serviço da Sprint custa US$ 25 por mês, para um número ilimitado de chamadas; as operadoras podem monitorar quando os clientes estão fazendo ligações de celulares em casa, de modo que eles não terão que esgotar os minutos em seus planos de chamadas.
A confiabilidade é mais complexa. As linhas de telefone tradicionais são elaboradas para trabalhar mesmo quando há uma queda na energia, enquanto que as femtocells não. Essa diferença poderá deixar os consumidores relutantes em usar as femtocells em substituição ao telefone fixo. "Não está claro no momento que esta é uma proposta super-convincente", diz o analista Richard Valera da Needham & Co.
As operadoras de telefonia sem fio vão trabalhar duro para mudar isso. Jeffrey S. Brown, diretor-presidente da RadioFrame Networks, uma das várias fabricantes de femtocells, diz que o objetivo é fazer o custo por torre cair para US$ 100 ou menos para as operadoras. Então, as companhias de telefonia poderão reduzir os preços para os consumidores, reduzir as tarifas mensais para valores modestos, e desenvolver serviços mais avançados. "As operadoras ficarão muito criativas", diz Brown.
Marcadores: TECNOLOGIA
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