Crise ameaça pólo automotivo no Vale
Crise ameaça pólo automotivo no Vale
Fonte : Valeparaibano |
A crise nas exportações de veículos pode provocar o esvaziamento do pólo automotivo na região, que concentra a produção dos modelos mais exportados pela General Motors, em São José dos Campos, e Volkswagen, em Taubaté.
Após o anúncio das demissões nas duas fábricas, os sindicatos dos metalúrgicos deflagraram uma mobilização para tentar evitar as dispensas e cobrar medidas contra a guerra fiscal junto aos governos do Estado e Federal.
A estratégia inclui a união de forças com a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical. "Se aceitarmos essas 960 demissões na GM, depois virão mais 900 e mais 900", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Luiz Carlos Prates.
Para o professor do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade de Campinas), Mariano Laplane, a redução nos volumes exportados poderá levar a uma concentração da produção em um número menor de fábricas.
"No final dos anos 90, com o crescimento vertiginoso das vendas de veículos no Mercosul, especialmente na Argentina, e no Brasil, o país recebeu uma onda de investimentos de montadoras que já estavam instaladas aqui e de novas. A capacidade instalada triplicou e daí vieram as crises de 1998 e 1999", disse o economista.
A alternativa para minimizar a ociosidade das fábricas foi transformá-las em plataforma de exportação. "O câmbio era favorável e parte do que as montadoras deixaram de vender no mercado interno foi compensada pelas exportações," disse Laplane.
CRISE - A mudança de cenário, segundo o economista, coincidiu com a crise financeira nas matrizes. "Nesse momento as montadoras estão repensando o futuro das exportações, a possibilidade de aporte de recursos da matriz está descartada e elas irão pressionar para a melhora dos resultados financeiros das filiais," disse.
Para Laplane, o que vai inviabilizar uma fábrica na atual conjuntura cambial serão os modelos que ela produz e a compatibilidade com os novos veículos que se tornarem a aposta da montadora para crescer no mercado brasileiro. "Acho possível que algumas fábricas sejam fechadas", disse o economista.
No caso da GM, a estratégia para recuperar as perdas na exportação inclui o lançamento de um novo veículo pequeno, que será produzido na mesma fábrica do Celta, em Gravataí, no Rio Grande do Sul.
RISCO À FÁBRICA - Para Prates, medidas como a redução para apenas um turno na linha de produção do Corsa, anunciada esta semana pela montadora, colocam em risco a viabilidade econômica da fábrica a médio e longo prazos.
Em entrevista anterior, o presidente da GM, Ray Young, disse que novos planos de investimentos estão suspensos por conta do câmbio e que a estratégia no Brasil seria revista, com a concentração das operações apenas no mercado local e Mercosul.
A fábrica de São José tem 9.700 funcionários e pode demitir 960 nos próximos meses. A unidade concentra a produção de kits de veículos desmontados para exportação.
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