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sexta-feira, dezembro 5

O desafio de reconstruir o porto de Itajaí

Vanessa Jurgenfeld, de Itajaí (SC)
05/12/2008
Fonte: Valoronline

A movimentação intensa de pessoas no escritório da superintendência do porto de Itajaí contrasta com a área de operações portuárias paralisada, sem navios entrando ou saindo, e com poucos funcionários, após as enchentes do último dia 23 levarem parte da estrutura física e causarem o assoreamento do Rio Itajaí-Açu no canal de acesso ao cais.

O dia atribulado ontem na administração demonstra a tentativa de retomada das atividades o mais rápido possível, além de uma agenda que incluía recepções a duas comitivas de políticos que queriam ver os estragos. "Precisam mesmo vir aqui para ter a real dimensão do problema", afirmava Luiz Antônio Martins, diretor de logística do porto.

Os danos ao porto são visíveis. Antes das enchentes, Itajaí possuía três berços de atracação: o berço 1, o 2/3 (resultado da união do antigo berço 2 com o berço 3) e o 4. No total, eram 743 metros de área de cais até que a água levasse cerca de 350 metros. Os berços mais prejudicados foram o 1 e o berço 2/3. As estruturas de concreto, em parte construídas em 1947, ruiram. O asfalto que resistiu sofreu avarias, comprometendo o trabalho dos equipamentos.

Martins diz que as enchentes de 1983 e 1984 não foram tão graves como a recente. Afirma que somente uma parte do berço 4 havia sido prejudicada naquela época. Desta vez, ele saiu quase ileso e é o primeiro a voltar a operar, amanhã.

As operações retornarão gradativamente, segundo a diretoria do porto. Amanhã está prevista a chegada de um navio de pequeno porte da Hamburg Süd, de 173 metros, para cabotagem, com calado de até 7 metros, o máximo que hoje permite a profundidade do canal de acesso. Antes do dia 23, o calado permitido era de 11,3 metros, sendo recebidos navios com 270 metros de comprimento. Com a chuva, o canal ficou com 3,8 milhões de metros cúbicos de sedimento que precisam ser retirados. Isso equivale ao serviço de 380 mil caminhões-caçamba.

A expectativa no porto é voltar a operar o berço zero, que estava em construção pelo Teconvi (terminal de contêineres, cuja concessão é da APM Terminals), entre os dias 15 e 20 deste mês. Segundo Arnaldo Schmitt, superintendente do porto, somando os berços 4 e zero, Itajaí recuperaria 75% da sua capacidade, operando com um calado de até 9 metros. A total recuperação do porto é esperada de seis meses a um ano.

Uma dragagem emergencial, contratada pelo governo federal, deverá ter a ordem de serviço assinada na semana que vem. Schmitt diz que não será preciso processo de licitação nem para a dragagem nem para as demais obras por trata-se de emergência.

Os reparos do porto foram objeto de plano de emergência interno, composto de duas fases, em que na primeira se tenta colocar o porto em operação, ainda que não em sua plena capacidade, e na segunda se refaz o que foi perdido. Serão demolidos dois armazéns que estão na área primária, que ficavam com as cargas apreendidas pela Receita Federal, para ganhar eficiência; e serão feitos reparos no sistema de segurança e um novo estudo hidrográfico da bacia do rio Itajaí-Açu. Os recursos de R$ 350 milhões virão da União.

Nos últimos dez anos, o porto teve crescimento médio de 55% ao ano na movimentação. De janeiro a outubro, foram movimentadas US$ 10 bilhões em cargas. Para a geógrafa e pesquisadora do complexo portuário catarinense, Sônia Moreira, as enchentes romperam com o processo de desenvolvimento do porto, que ocorria mesmo diante de gargalos importantes, como o fato de estar situado praticamente no centro da cidade de Itajaí, portanto, com dificuldades de expansão física.

O prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni (PT), disse que a cidade depende do porto, que responde por 70% da sua movimentação econômica, gera 13 mil empregos e sua paralisação representa perdas de US$ 35 milhões/dia. Itajaí é o único porto municipalizado do país por concessão da União.

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