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quinta-feira, agosto 28

ETANOL

Coreanos vão investir em etanol na Bahia

26/08/2008 09:05
Fonte: Raquel Salgado Valor Econômico


SALVADOR - A empresa coreana Celltrion informou que vai investir R$ 540 milhões em uma usina de etanol no município de Barra, na Bahia. O protocolo de intenções entre a companhia e o governo do Estado será assinado hoje e prevê a geração de 2 mil empregos na região. O projeto da Celltrion, que atua no ramo de biofarmacêuticos, é produzir 1,3 bilhão de litros de etanol para vender ao mercado baiano. Segundo o secretário de Indústria da Bahia, Rafael Amoedo, a empresa já tem terras plantadas com cana na região. A previsão é chegar a 27 mil hectares, que deverão produzir 2,7 milhões de toneladas de cana por safra. O bagaço da cana será utilizado para gerar energia e o empreendimento deverá entrar em operação em 2011.A Celltrion será beneficiada por um decreto aprovado em fevereiro deste ano que permite que, até 2020, usinas de álcool na Bahia lancem crédito fiscal de ICMS nas saídas internas e interestaduais do álcool produzido.

Conselho veta novo teto no consignado

Arnaldo Galvão, de Brasília
28/08/2008
Fonte: Valoronline

Os integrantes do Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) rejeitaram, por maioria de votos, o pedido dos bancos de elevação, a 2,63% ao mês, do teto dos juros cobrados nos empréstimos consignados concedidos a aposentados e pensionistas do INSS.

Segundo o argumento das instituições financeiras, em maio de 2006 o conselho adotou, a pedido do então ministro Luiz Marinho, um critério para alterar o limite dos juros cobrados nessa modalidade de crédito com pagamentos descontados na folha de pagamento do INSS. A fórmula considera a variação da taxa Selic e ela, recentemente, foi elevada pelo Banco Central em 1,75 ponto percentual, de 11,25% ao ano para 13%.

Os bancos queriam aplicar a fórmula e subir o teto do crédito consignado do INSS de 2,5% para 2,63%. Mas o ministro José Pimentel já havia declarado que não vê necessidade nesse aumento porque a maioria das instituições financeiras não vêm cobrando a taxa máxima permitida.
Ontem, o secretário executivo do Ministério da Previdência, Carlos Eduardo Gabas, justificou a manutenção do teto afirmando que a taxa mínima praticada atualmente é de 2,2% ao mês e a média é de 2,45%. "O governo vem defendendo aposentados e pensionistas e o conselho não aprovou a recomendação de um teto maior", relatou.

Gabas negou que exista critério, regra ou fórmula estabelecida para mudar o limite dos juros cobrados. Ele procurou ressaltar que o CNPS não tem poder deliberativo porque apenas recomenda ao ministro uma medida. "Isso nunca foi estabelecido como regra automática pelo conselho. O governo não está descumprindo regra, mas faz questão de levar a esse fórum paritário a discussão do tema", disse.

Outra reivindicação dos bancos que deve ser negada pelo CNPS é a elevação da margem de renda dos aposentados que pode ser comprometida com empréstimos e gastos com cartão de crédito. O assunto ainda será debatido nas próximas reuniões, mas Gabas já disse que o governo não quer mais dinheiro circulando no momento de acompanhamento rigoroso da inflação. "Não há necessidade de uma explosão de crédito agora", avisou. Atualmente, o aposentado pelo INSS pode comprometer 20% da renda com financiamentos e 10% com o cartão de crédito. No caso do cartão o teto da taxa cobrada é de 3,5% ao mês.

Os conselheiros aprovaram ontem uma recomendação ao ministro para que seja revogado o artigo 24 da Instrução Normativa 28. O objetivo é permitir negociação que reduza taxas e encargos, caso a caso. Essa norma determina que "os encargos praticados pela instituição financeira nas operações de crédito realizadas na mesma unidade da federação deverão ser idênticos para todos os beneficiários, admitindo-se variação, exclusivamente, em função do prazo da operação".

Outro ponto qua ainda não obteve consenso no CNPS é a possibilidade de os aposentados sacarem dinheiro por meio dos cartões de crédito. O parágrafo terceiro ao artigo 16 da IN 28 proíbe esse tipo de saque.

terça-feira, agosto 26

Analistas reduzem novamente projeção para IPCA

Folhapress, de Brasília
26/08/2008
Fonte: Valoronline

Os economistas ouvidos pela pesquisa semanal do Banco Central reduziram, pela quarta semana seguida, a previsão para a inflação em 2008. Também aumentaram as apostas de que a alta dos juros vai frear o crescimento da economia brasileira em 2009.
A expectativa para o IPCA neste ano, que serve como meta de inflação, caiu de 6,44% para 6,34%. Há quatro semanas, estava em 6,58%. Se confirmado, o indicador ficaria abaixo do teto da meta de inflação para este ano, que é de 6,50% (meta de 4,5% com dois pontos percentuais de tolerância para cima e para baixo). A estimativa para a inflação para os próximos 12 meses também recuou, de 5,31% para 5,25%. Foi mantida ainda a previsão para o IPCA em 2009 (5%).
Essas previsões vêm caindo desde que o BC decidiu intensificar o ritmo de aumento da taxa básica de juros, a Selic. Desde o início do ano, a Selic já subiu de 11,25% para 13% ao ano. Os economistas agora esperam que a taxa básica (Selic) termine 2008 em 14,75% ao ano, mesma previsão da semana passada. Para a reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom) de setembro, a aposta é de uma alta de juros para 13,75% ao ano.
A expectativa dos analistas é que os juros mais altos tenham reflexo no crescimento da economia no próximo ano. Os economistas que participam da pesquisa do BC reduziram as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano de 3,70% para 3,65%. Para 2008, foi mantida a previsão de 4,8%.
A estimativa para o saldo da balança comercial desta ano ficou estável em US$ 23,3 bilhões. Para 2009, caiu de US$ 15 bilhões para US$ 14,75 bilhões.

Nova lei amplia responsabilidade do administrador

Catherine Vieira, do Rio
26/08/2008
Fonte: Valoronline


Ricardo Benichio / Valor







Eliseu Martins, da USP: métodos de contabilização vão refletir opinião da gestão


A convergência das normas contábeis locais com as internacionais, introduzidas pela Lei 11.638 e pelas novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), deverá aumentar a responsabilidade dos administradores das companhias abertas. A avaliação é do professor Eliseu Martins, da Universidade de São Paulo (USP). O especialista explicou que, com as novas regras, haverá mais subjetividade para determinar a contabilização de vários itens no balanço, mas que justamente isso exigirá um comprometimento maior dos administradores. E não só do conselho, mas dos vários níveis da gestão da empresa, uma vez que será preciso que as informações reflitam mais a essência dos dados e não apenas o formato.
"Nesse novo contexto, os métodos de contabilização vão refletir muito mais a opinião e a interpretação dos gestores, não ficarão tão concentrados no contador", disse Martins. De acordo com o professor, isso também aumenta a responsabilidade de alguns gestores ligados a determinadas áreas da companhia, que deverão emitir parecer que contenha avaliações e projeções. Ele citou como exemplo a questão da depreciação, que vai exigir pronunciamento da área de engenharia da empresa. Assim, deixa de ser só um assunto do contador.
Para o ex-diretor de participações da Previ Renato Chaves, que possui também formação em contabilidade, as novas regras podem gerar um envolvimento maior da administração por conta da responsabilidade sobre as informações, que vai aumentar. "Agora, há ativos que terão que ter valores e capacidade efetivamente avaliadas e projetadas. Por exemplo, o engenheiro vai ter que estimar quanto tempo ainda pode durar uma máquina", explica Chaves. "Ou seja, vai envolver os profissionais da base, além dos contadores e dos administradores, o que deve aumentar o comprometimento", diz
Apesar de alguns temores que surgem com relação a essa maior subjetividade provocada pelas novas regras, Martins, da USP, acredita que há mais aspectos positivos. "As novas regras privilegiam a essência sobre a forma, o que pode ampliar a transparência. Para aqueles que querem fazer as coisas direito, abre-se uma grande oportunidade", diz ele, acrescentando que as normas brasileiras estavam com uma defasagem grande.
Visão semelhante tem o vice-presidente da Associação dos Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais de São Paulo (Apimec-SP), Reginaldo Alexandre. Para ele, a convergência contábil vai contemplar mais os princípios de cada item a ser lançado no balanço, diferentemente do que ocorria até agora. "Será preciso assumir o que é de fato, na essência, cada item que é contabilizado, sem disfarces", diz Alexandre.
Ele explica que, pelas regras anteriores, que privilegiam muito estritamente a forma, uma operação que, na prática, pode ser de dívida, muitas vezes pode ser contabilizada de outra maneira se tiver uma estrutura jurídica diferente. O mesmo raciocínio vale para ativos. "Antes, o formato da estrutura prevalecia. Agora, o administrador precisará mostrar o que é de fato aquela rubrica, mesmo que tenha uma estrutura formal distinta", afirma.

quinta-feira, agosto 21

Água de esgoto irriga agricultura, diz estudo

Malin Rising, Associated Press, de Estocolmo
21/08/2008
Fonte: Valoronline


As populações dos países em desenvolvimento estão com a saúde cada vez mais ameaçada pelo uso disseminado de águas que recebem esgoto sem tratamento, na irrigação de plantações, segundo estudo apresentado durante uma conferência mundial sobre a água realizada na Suécia esta semana.
O estudo, feito pelo Instituto Internacional de Gerenciamento de Água, diz que mais da metade das terras cultiváveis localizadas próximas de 70% das cidades dos países do Terceiro Mundo são irrigadas com água de esgoto, o que ameaça espalhar epidemias.
"A irrigação com esse tipo de água não é prática limitada a uns poucos países mais pobres", diz Liqa Raschid-Sally, pesquisadora do instituto. "É um fenômeno que ocorre em 20 milhões de hectares pelo mundo em desenvolvimento, sobretudo em países da Ásia, como a China, Índia e Vietnã, e em muitas cidades da América Latina."
Especialistas afirmam que 1,4 milhão de crianças morrem todos os anos de diarréia e por causa de condições de higiene ruins e descrevem a crise de saneamento como "o maior problema ambiental do mundo". Por esse motivo, a ONU nomeou 2008 o Ano Internacional do Saneamento.
O estudo mostra que a demanda cada vez maior por água e alimentos estimula o uso de águas poluídas na irrigação de plantações, mas em muitos casos esta é a única forma de irrigação para agricultores que carecem de água limpa. A água contaminada é usada principalmente na produção de hortaliças e cereais e representa grande risco à saúde das pessoas que consomem hortaliças cruas.
O relatório diz que a água de esgoto proporciona o sustento de muitas pessoas ao tornar possível o cultivo de terras e recomenda o aumento do suprimento de água tratada, em vez da proibição do uso de água não tratada. Em Acra, Gana, 200 mil pessoas dependem de hortaliças produzidas perto da cidade e irrigadas com as águas poluídas dos rios dos arredores.

Minc estenderá registro de reserva legal para até um ano

Mauro Zanatta, de Brasília
21/08/2008
Fonte: Valoronline
Ruy Baron / Valor




"Quando a gente erra a mão, tem que consertar", afirmou Minc a ruralistas
Sob forte pressão da bancada ruralista, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, recuou ontem de sua decisão de obrigar os produtores rurais a criar e registrar as áreas de reserva legal de 20% em todas as propriedades rurais do país em 120 dias.

Um decreto publicado há um mês instituiu a obrigatoriedade e ameaçava punir os produtores que descumprissem a Lei de Crimes Ambientais, editada em 1998, com multas de até R$ 100 mil, apreensão de animais, equipamentos e produtos, além da proibição da concessão de crédito rural. "Quando a gente erra a mão, tem que consertar. O decreto não pode pôr nem 'despor'. O que extrapolou e legislou é nulo de pleno direito e vai ser expurgado do decreto", afirmou o ministro aos deputados da Comissão de Agricultura durante audiência pública convocada para debater o tema. "As penas e multas serão suprimidas", garantiu.

Sob aplausos dos ruralistas, Minc prometeu ampliar o prazo de adequação de 120 dias para até um ano. "Tem prazos inexeqüíveis? Então, esses prazos podem e devem ser alterados", disse. E afirmou que o registro das áreas de reserva legal não significa a obrigação de recomposição imediata das áreas. "Averbar não é recompor de forma imediata. É apenas uma declaração de intenções que o dono pode fazer". Na semana passada, Minc já havia anunciado um acordo com o Ministério da Agricultura que permitiria ao produtor fazer a recomposição da reserva legal em áreas fora da bacia hidrográfica onde está situada a propriedade.
Para bombardear o decreto, chamada de "pequeno terremoto" e "uma sacudida" por Minc, os ruralistas alegavam que o texto era "ilegal" e "inconstitucional". E ameaçavam sustar a medida do Executivo com um decreto legislativo no Senado e uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF).

O Decreto 6.514 também obrigava o reflorestamento das áreas e a apreensão de animais domésticos situados em áreas de reserva ambiental. O decreto proibia o cultivo em áreas de várzeas, topos de morros e encostas com declividade superior a 45 graus, onde estão boa parte das plantações de arroz, uva, maçã, cana e café. "Se voltassem as áreas de 45 graus, criaria ressalvas para uva, café e maçã. Ou você acha que o governo vai mandar arrancar esses produtos das encostas?"

O recuo de Minc abriu brecha para a ampliação das demandas dos ruralistas. A bancada aproveitará o momento de "fragilidade" dos ambientalistas para emplacar alterações na medida provisória que revisa o Código Florestal. Um grupo de trabalho instituído ontem terá 120 dias para propor um acordo que permitirá a votação da MP 2166, editada em 2001 pelo então ministro e atual deputado Sarney Filho (PV-MA). "Sem votar o código, tudo que o governo fizer será apenas remendo na legislação ambiental", diz o deputado Moacir Micheletto (PMDB-PR), relator da MP na Câmara. Se depender de Minc, há espaço para negociação: "No caso do código, haverá acordos e desacordo. Mas vamos abrir o diálogo para avançar".

Antes do anúncio público do recuo, Minc reuniu-se a portas fechadas com parlamentares para fechar um acordo de revisão do decreto e amenizar o tom das críticas dos ruralistas. O encontro, restrito a 12 líderes do setor, irritou os demais deputados. "Essa reunião pública é uma pantomima?", questionou o deputado Humberto Souto (PPS-MG). O presidente da comissão, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) apressou-se em negar o esvaziamento da sessão, mas não convenceu os colegas. "Se já veio tudo decido, o que estamos fazendo aqui?", irritou-se Duarte Nogueira (PSDB-SP).

A "boa vontade" com os ruralistas causou declarações inusitadas no plenário da comissão. O deputado Moreira Mendes (PPS-RO) disse ter sido tomada por um espírito ambientalista: "Sou mais ambientalista hoje do que há dez anos". Outros fizeram discursos com elogios à atuação do ministro. Diante da repercussão, Minc manteve o discurso de repressão às ilegalidade do setor. "Não é frouxidão, é para avançar. Estamos caindo com tudo em cima".

Agroenergia e o uso sustentável do território



Por Elisa Pinheiro de Freitas
21/08/2008
Fonte: Valoronline





Os últimos eventos relativos às mudanças climáticas e a elevação dos preços do barril de petróleo têm acelerado, por todo o globo, a busca por fontes de energia que sejam, sobretudo, ecologicamente corretas. Indubitavelmente, os biocombustíveis constituem alternativas energéticas de grande importância estratégica, visto que não é em qualquer porção do planeta que existem condições ideais para a produção dos mesmos com eficiência e em larga escala.

Nesse sentido, o Brasil emerge, dentre o conjunto de nações, como o país que possui os elementos chaves para o desenvolvimento promissor dessas novas modalidades de energia.

Dentre esses elementos decisivos, destacamos o território. Não raro compreendido como algo dado e como palco, o território não tem tido a devida relevância nas análises políticas e econômicas enquanto uma instância da sociedade. Partindo do entendimento de que o território é a materialidade mais a vida que o anima, há que se pensar, de forma clara, como usar o território para a produção dos biocombustíveis sem que os arranjos territoriais já construídos tenham os seus aspectos alterados de modo a gerar novos passivos. Queremos afirmar com isso que a expansão da cana-de-açúcar, uma das principais matérias-primas na produção do etanol, do Estado do São Paulo para outros Estados vizinhos, como Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, já está colocando em marcha a disputa entre capital versus capital, isto é, entre grandes produtores de grãos/pecuaristas e os usineiros/produtores de cana. Diferentemente do conflito entre capital versus trabalho, marcado pela relação entre capitalistas e trabalhadores, o fenômeno que ocorre a partir da expansão da cana é a rivalidade entre capitalistas. Não podemos precisar, ainda, as conseqüências desse fato. Porém, é indiscutível que esteja em processo uma possível fragmentação de frações do território, já que existe uma disputa por terras para a produção da cana em locais em que o uso da terra é destinado a outros cultivos.

A coesão territorial é, nesse momento de crise ambiental e energética, um trunfo importante na construção de um consenso positivo ao entorno da produção do etanol. O Brasil precisa mostrar para o mundo que não apenas possui condições físico-territoriais para o desenvolvimento em grande escala dos biocombustíveis, mas expor à vista que dispõe de um conjunto de medidas capazes de conciliar os diferentes interesses quanto aos usos do território nacional. Desse modo, a questão da sustentabilidade na utilização do território não poderá estar limitada estritamente aos aspectos ecológicos, mas deverá abranger as características culturais, políticas, sociais e econômicas inexoráveis a cada parcela territorial. Isso significa que antes mesmo do Brasil liderar a criação de um mercado para os biocombustíveis, é um imperativo para o país a construção de um plano de ordenação territorial que seja democrático. Em outras palavras, que a expansão da cana ocorra concomitantemente com a expansão de gêneros de primeira necessidade e que ambas não comprometam a manutenção dos ecossistemas nacionais. Logo, o Brasil asseguraria tanto a suficiência energética limpa quanto a soberania alimentar.

"A expansão da cana já está colocando em marcha a rivalidade entre produtores de grãos e os usineiros; disputa entre capitalistas"

Um outro elemento que colocou o Brasil no rol dos países com reais condições de substituir o uso de combustíveis fósseis pelos combustíveis renováveis e limpos foi o Programa do Açúcar e do Álcool (Proálcool). Criado em meados dos anos de 1970, o objetivo do programa era diminuir a dependência do país em relação ao petróleo que naquele período também estava em alta. No entanto, a despeito do caráter positivo do Proálcool, há que se enfatizar que tal programa também deixou marcas indeléveis no território nacional. O Estado de São Paulo, em decorrência de sua infra-estrutura bastante desenvolvida devido ao ciclo do café, concentrou mais de 50% dos recursos do programa na produção do álcool combustível. Vinculada a concentração de renda, houve também a concentração de terras e a conseqüência mais evidente desse processo foi a urbanização acelerada, alimentada pelo forte êxodo rural. Além disso, determinadas áreas da Região Nordeste com forte tradição na produção açucareira tiveram menos acesso aos recursos provenientes do Proálcool.

Assim, se por um lado tal programa logrou êxodo, à medida que criou as bases para o desenvolvimento das inovações tecnológicas necessárias ao processo de produção do álcool como combustível, por outro lado aprofundou as desigualdades territoriais, uma vez que a Região Centro-Sul, sobretudo o Estado de São Paulo, concentrou grande parte dos subsídios governamentais em detrimento de outras porções do território que foram alijadas desse processo.

No atual contexto de alterações climáticas, aumento do preço do petróleo e alimentos escassos, o Brasil tem a chance histórica de tornar-se uma referência global no que tange à produção de energia limpa e alimentos. Para tanto, o Estado deverá tomar medidas que impeçam o uso corporativo do território, ou seja, não consentir que apenas alguns setores da economia e determinadas frações do território sejam privilegiados em detrimento de outros na efetiva conjuntura. Deve antes dotar de infra-estruturas as áreas que possuem potenciais para sustentar a expansão de matérias-primas para a produção dos biocombustíveis e regular a utilização do território a partir dos interesses que estejam voltados para o desenvolvimento endógeno do país. Se essas premissas não forem levadas em consideração no plano de zoneamento que o governo pretende propor para gerenciar a difusão da cana ou de outros cultivos úteis à produção dos biocombustíveis, as instituições supranacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), dentre outras, terão argumentos suficientes para criar empecilhos na constituição de um mercado global para os combustíveis limpos, mercado este para o qual o Brasil possui atributos imprescindíveis para tornar-se protagonista.


Elisa Pinheiro de Freitas é doutoranda em Geografia Humana na Universidade de São Paulo (USP).

quarta-feira, agosto 20

Sorgo para biodiesel

Fonte: Valoronline
20/08/2008

O potencial do sorgo como biocombustível é o tema da Conferência Internacional de Sorgo para Biocombustíveis, que começou ontem em Houston, nos EUA. Segundo o Ministério da Agricultura, a unidade de milho e sorgo da Embrapa apresentará trabalho sobre a aptidão do sorgo sacarino para a geração de energia, desenvolvido desde a década de 80.