Industriais pedem redução de juros ao próprio Meirelles
Heloísa Magalhães, Alda Amaral Rocha e Raquel Landim, do Rio e de São Paulo
12/12/2008
Fonte: Valoronline
Os empresários presentes à reunião de ontem no Palácio do Planalto aproveitaram para questionar diretamente o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sobre a taxa de juros e a razão de sua manutenção quando o mundo todo reduz juros para estimular a demanda.
No relato de um dos presentes, Meirelles explicou que a decisão do Copom, na quarta-feira, que manteve a Selic em 13,75% ao ano, foi pautada na valorização do dólar, mas que a diretoria do BC pode reunir-se a qualquer momento e reduzi-la caso julgue que seja o momento de fazê-lo.
Outro empresário presente ao encontro disse que Meirelles não se abalou com os pedidos de redução de juros para enfrentar a crise. Segundo ele, Meirelles disse que o "BC não gosta de juros altos" e que ele "adoraria baixar" a Selic e que "quando houver condições, os juros vão cair".
De acordo com os empresários, o clima do encontro com Lula, embora ameno, era de preocupação. Um assunto que apareceu em vários momentos foi o temor com o aumento do desemprego.
Um dos relatos apresentados à Lula indicou que a crise pegou as empresas com grandes volumes de estoques. Como antes de setembro estava se desenhando um processo inflacionário, com os preços de matéria-prima e de produtos industrializados subindo, as empresas antecipavam as compras. Quando veio a freada, o nível de estoque estava muito grande. Agora começou um movimento de devolver estoques para o fabricante, o que cria uma sensação de que a crise é pior.
Segundo um empresário do setor de carnes, ficou evidente na reunião entre empresários e governo que o problema se concentra no crédito, o que prejudica as exportações brasileiras.
"Setores que não dependem tanto de crédito estão funcionando normalmente", disse. De acordo com ele, os empresários sugeriram redução de impostos e de juros e prazo maior para pagar tributos.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf - que não estava no encontro - insistiu que a manutenção da taxa de juros está na "contramão" da política de estímulo fiscal anunciada ontem. Skaf cobrou que os bancos se comprometam a reduzir o spread, para que os benefícios do pacote fiscal cheguem à economia real. Uma das medidas anunciadas pelo governo foi a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). "Ainda não ouvi o compromisso dos bancos", disse Skaf. Ele elogiou as medidas, mas disse que ainda não se sabe a extensão da crise.
Marcadores: ECOMONIA
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial