Para FMI, governos agora devem elevar gasto público
Sergio Lamucci, de São Paulo
10/11/2008
Fonte: Valoronline
Sempre associado à pregação de rígidos princípios de austeridade fiscal, o Fundo Monetário Internacional (FMI) diz que chegou o momento de os governos promoverem a expansão dos gastos públicos para impulsionar o crescimento. Num cenário de forte desaceleração da economia global causado pelo impacto da crise financeira, o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, defendeu ontem ações coordenadas de estímulo fiscal entre vários países, por considerá-las mais efetivas. O número um do FMI participou das discussões do G-20, em São Paulo.
"Pode parecer surpreendente que o FMI esteja propondo medidas de estímulo fiscal", reconheceu Strauss-Kahn, destacando, porém, que a expansão dos gastos públicos não é um receituário que se adapte a qualquer país. Para seguir esse caminho, é necessário ter contas públicas em ordem. Ele enfatizou que as medidas fiscais devem ser tomadas em tempo adequado, de um modo focado e temporário, e saudou a iniciativa do governo da China, que anunciou um pacote de estímulo à economia de US$ 586 bilhões, além de notar que o presidente eleito americano, Barack Obama, já manifestou a intenção de adotar medidas fiscais para impulsionar a economia dos EUA. Strauss-Kahn não deu explicações detalhadas de como funcionariam as ações coordenadas de política fiscal.
Questionado se o Brasil teria espaço para adotar uma política fiscal expansionista num cenário em que alguns vêem pressões inflacionárias, Strauss-Kahn foi diplomático. Lembrou que "em toda a América Latina a inflação é uma preocupação", ainda que as perspectivas para o ano que vem pareçam mais favoráveis do que neste ano, devido à queda dos preços do petróleo e de outras commodities. "Eu não vou culpar de modo nenhum o governo e o BC brasileiros por estarem preocupados com a inflação", disse ele, acrescentando não querer interferir numa questão brasileira. "Cada governo deve medir a possibilidade de sustentar o crescimento."
Strauss-Kahn ressaltou que a vigilância da inflação não deve desaparecer, ainda que as previsões para os índices de preços estejam melhores hoje do que há seis meses. Segundo ele, em termos globais, a preocupação maior é com a atividade econômica do que com os preços, mas isso não quer dizer que em alguns países não haja uma situação inflacionária mais delicada. "Isso não é uma questão de preto ou branco", afirmou ele.
O diretor-gerente do FMI apontou o apoio unânime dos participantes do encontro do G-20 às medidas de estímulo fiscal onde isso for possível. Mesmo os banqueiros centrais, tradicionalmente mais cautelosos em relação a esse assunto, concordaram com a proposição, notou Strauss-Kahn. Ele defendeu também estímulos monetários para impulsionar a economia, num momento em que as previsões do FMI apontam para uma retração do PIB dos países avançados em 2009, o que, se concretizado, ocorrerá pela primeira vez desde o fim da Segunda Guerra.
Strauss-Kahn lembrou que a instituição revisou na semana passada números que divulgara há apenas um mês, e que mesmo assim há risco grande de que a expansão seja menor do que a projetada.
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