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quarta-feira, setembro 24

Até componentes de última geração vão parar no 'cemitério' dos PCs

De São Paulo
24/09/2008
Fonte: Valoronline

Quanto vale um monitor quebrado, um teclado que não funciona mais, um computador que enguiçou e está mofando em algum canto da casa? No cemitério dos PCs, ou "entreposto", como prefere chamar Antônio Geraldo Rinaldi, vale algo entre R$ 0,20 e R$ 0,30 o quilograma. "O preço varia conforme o dólar, sabe como é, praticamente todos os componentes de um computador são importados."


Rinaldi , que diz acompanhar a cotação do dólar diariamente, vive do ferro-velho de informática que montou em um casebre, na rua do Triunfo. Para lá, vão toneladas da sucata levadas por empresas, consumidores, carreteiros e pelas próprias lojas de produtos usados, que muitas vezes adquirem equipamentos quebrados em lotes de leilão.


O negócio, diz ele, vai muito bem. A matéria-prima é abundante. No fundo do casarão onde armazena o chamado "lixo eletrônico", uma montanha de aproximadamente dez metros de altura equilibra todo o tipo de equipamento. Antes de ir para lá, tudo passa por uma balança digital. Depois de pagar pela parafernália, Rinaldi vai para a etapa que julga mais importante de seu trabalho, a triagem do material.


Alguns dias atrás, conta ele, uma empresa levou ao entreposto dúzias de caixas de componentes, entre estes algumas placas de computador. "Quando fiz a triagem, encontrei uma placa do Mac G5 (uma das versões mais avançadas do Macintosh, computador da Apple)." Rinaldi, que pagou cerca de R$ 30 pela placa, vendeu o mesmo componente por R$ 100 em uma loja na rua dos Andradas. Na loja, a placa é vendida por R$ 1,5 mil. "Sei o que tem valor e o que não tem, meu melhor negócio não é vender sucata, é o conhecimento que tenho."


Com formação técnica em informática, Rinaldi conta que, seis anos atrás, chegou a trabalhar para o Grupo Gava, onde era chefe do CPD, o centro de processamento de dados, hoje pomposamente cunhado de departamento de TI. "Comecei a juntar equipamentos por acaso, e quando vi já estava trabalhando com isso, comprando e vendendo coisas."


Hoje, com os negócios fechados em seu entreposto, Rinaldi tem uma casa na Vila Mariana, na Zona Sul da capital paulista, onde mantém sua família com esposa e duas filhas. O casebre da rua do Triunfo lhe custa o aluguel de R$ 2 mil. "Isso aqui não é brincadeira", diz ele. "Tenho que fazer o negócio girar, e por enquanto estamos indo bem."


O que o ferro-velho não consegue recolocar nas lojas de informática trata de enviar para empresas de reciclagem. Companhias como Lorene e San Lien, especializadas no beneficiamento e na venda de metais nobres e preciosos, são algumas de suas clientes. O interesse pela compra de componentes não é simplesmente ambiental. Calcula-se, por exemplo, que o ouro contido em cada processador vale aproximadamente US$ 1. A placa-mãe, que tem conectores produzidos com prata, ouro e cobre, vale facilmente US$ 2. Os cabos que ligam os periféricos, também fabricados com cobre, custam cerca de US$ 0,10, e por aí vai. "É preciso saber olhar e enxergar valor no que se tem", diz Rinaldi, enquanto mete as mãos numa caixa cheia de peças.


Na rua, de frente para o casebre, dois funcionários que trabalham no entreposto ajudam a encher o baú de um caminhão, carregado com carcaças de impressoras. O entreposto de Rinaldi é um dos cemitérios de computadores que, de três anos para cá, se estabeleceu ao longo da rua do Triunfo, a mesma rua que, entre as décadas de 20 e 30, chegou a instalar escritórios de companhias como Fox, Metro-Goldwyn-Mayer e Paramount. Nas décadas de 60 e 70, a rua chegou a ser considerada um dos maiores pólos de produção de cinema do país. Ali ficava, por exemplo, a Cinedistri, que conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1962, com o longa-metragem "O Pagador de Promessas", dirigido por Anselmo Duarte. Foi a fase de ouro das chanchadas, do faroeste e das pornochanchadas. Então vieram os filmes pornoeróticos, e a rua do Triunfo degringolou de vez. "Isso aqui mudou muito, é verdade", diz Rinaldi. "Mas ainda estamos por aqui, e queremos melhorar." (AB)

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